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segunda-feira, 7 de junho de 2010

História, ideologia e delírios

A História e a memória dos vivos não nos deixam esquecer a crueldade das ditaduras que, no século passado, semearam maldade e luto entre os povos aos quais submeteram. Dentre elas pontificaram na colheita da dor as ditaduras totalitárias, alimentadas por ideologias que justificam o “terror de Estado” com a “violência do bem”, a “mentira boa” e a “corrupção justificada”. Falamos aqui dos regimes fascista-socialista alemão e o fascista marxista-leninista, estabelecido na Rússia e, posteriormente, em dezenas de países do Leste Europeu e Ásia. Na América, chegou a Cuba.

Ambos pretenderam o resgate da humanidade com a eliminação do que entenderam, cada um em sua visão, como a fonte do mal sobre a Terra. O regime fascista hitlerista, a ferro e fogo, aboliria do mundo a contaminação racial com povos inferiores. O infame Holocausto, instrumento da redentora higienização racial, foi apenas uma amostra do que seria capaz. Já o totalitarismo comunista, após identificar na propriedade privada o pecado original humano, partiu para sua eliminação com o ardor de uma “guerra santa” onde, ainda hoje, os fins justificam os meios. Suprimida a propriedade e as classes sociais, assistiríamos à diluição do Estado e a uma fantástica expansão das forças produtivas. Seria um paraíso terreal, com democracia e abundancia plenas! Mas a profecia socialista fracassou economicamente, além de estabelecer o “Terror de Estado”. Por fim, simplesmente implodiu a partir da “Queda do Muro de Berlim”. Na China o PC Chinês mantém o poder, mas chama de volta a “propriedade particular dos meios de produção”, ou seja, o capitalismo, para promover o progresso da Nação. Esta é uma paisagem histórica, óbvia, onde o fracasso do socialismo marxista-leninista foi inegável, absoluto.

Entretanto, leitor, contrariando as leis do bom senso e do sadio psiquismo, vemos entre praias, palmeiras, matas, cerrados, Pantanal, Vacaria e cidades tupiniquins e guaicurús, uma legião de adoradores da infeliz ideologia socialista-totalitária que pretende, aqui, implantar o trágico modelo mundialmente experimentado, fracassado e abominado. Pouco importa, para essa militância, a fome, a incompetência generalizada, os assassinatos em massa, em fim, um rosário de infelicidades resultante da prática socialista. Nada impacta sua crença, num exemplo claro de fanatismo que nos faz lembrar a frase da senadora Ingrid Bettencourt sobre os membros das Farc, que a aprisionaram: “estão num outro mundo, são como autistas”, ou seja, seres que vivem num estado psicótico onde são inacessíveis. Nós os conhecemos por aqui. Quando os confrontamos com aquela vergonha absoluta do “Mensalão” exposta à Nação por uma CPI e TV Senado, nos olham com uma expressão psicótica e dizem: “...mas naada foi comprovaaado”! Ou ainda:..”mas toodo mundo faaaz”! E por fim: “ foi um golpe da burguesia”! E prosseguem no seu delírio de intérpretes e condutores da História diante do que, quem não concorda, é “inimigo da humanidade” ou dos "direitos humanos". Pode-se dizer que atingiram a genialidade na arte de encobrir suas práticas imorais e liberticidas com palavrório politicamente correto.

Entretanto, neste ponto o leitor poderá indagar: mas que mecanismo psicológico dominaria o adepto de uma ideologia fracassada, que sempre produziu miséria, dor e luto por onde passou, em escala tal que envergonha nossa civilização? Onde estaria a sedução dessa doutrina? Simplesmente caro leitor, na onipotência de suas “teses” e “prática”! Suas verdades são incontestáveis, inatingíveis! Suas “práxis” e militância a tudo podem, do narco-tráfico ao terrorismo; da mais deslavada mentira ao nojento mensalão; dos “dossiês fajutos”, às mais espúrias alianças. Mas aqui há que se compreender o significado do sentimento de onipotência que se instala através do “tudo posso”, na sedução do “agente da História” .

Acontece, leitor, que o sentimento de onipotência compensa a baixa auto-estima e os sentimentos de menos valia que corroem-lhe a alma. Funciona exatamente como a droga que, magicamente, tira o usuário de seu doloroso apequenamento e o torna onipotente, dono da mundo, da História. Conviria lembrar que, quanto mais psicótica for a pessoa, mais intenso é esse mecanismo e menos ela admite qualquer diferença entre sí e aqueles que a cercam. Vem daí, então, sua reação de extremo ódio face ao diferente e aquele que dela discorda. Como o totalitarismo marxista-leninista propõe "solução final" com a eliminação do diferente, essa doutrina veste como uma luva naquele, por natureza, portador de uma intolerância mortal. Por isso, mais essa vala comum agora descoberta em Vladisvotock,na Rússia, com 200 corpos, ou os 6000 corpos encontrados no Bosque de Katyn, na Polônia, são apenas consequências do acasalamento entre uma ideologia essencialmente perversa, com personalidades sedentas de onipotência e patologicamente intolerantes. Por isso o poder, o abuso e a falta de escrupulos viciam as militâncias totalitárias, em quaisquer épocas, em estepes, tundras, cerrados, caatingas, mata atlantica ou vacaria.
Por isso não convém provar, quer da droga química, quer das drogas ideológicas. Nunca se sabe se o caminho tem volta ou até onde elas nos seduzirão e desumanizarão. Os grandes assassinos da História talvez nunca imaginassem até onde os levariam seus onipotentes delírios ideológicos com os quais inflaram seus Egos empobrecidos e compensavam sua baixa autoestima. Por isso se diz: comer e coçar, dependem de começar.

Valfrido M. Chaves
Psicanalista, Pós Graduado em Políticas e Estratégia Adesg/UCDB

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