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domingo, 31 de outubro de 2010

A ilusão PTista choca-se com as fantasias realizáveis dos liberais.

Caro Sr. Geraldo Almendra,
Caros do Grupo,,

suas reflexões são precisas, mas, por mais que tentemos, não há condições de afastarmos os PTistas da ilusão que pregam. Retrocedendo no tempo, longe da realidade atual, o economista austríaco Eugen von Böhm-Bawerk já nos alertava sobre esta questão.

Böhm-Bawerk, entre seus inúmeros escritos, argumentava que os capitalistas não exploram seus trabalhadores; mas na realidade ajudam os empregados ao fornecer-lhes uma renda adiantada das receitas dos bens por eles produzidos, dizendo "o trabalho não pode aumentar sua parte às expensas do capital." Em particular, ele argumentou que a teoria marxista da exploração ignora a dimensão de tempo na produção, que ele discutiu em sua teoria de roundaboutness (em inglês) e que uma redistribuição de lucros de industrias minará a importância da taxa de juros como uma ferramenta vital de política monetária. Desta crítica segue que, de acordo com Böhm-Bawerk, o valor inteiro de um produto não é produzido pelo trabalhador, mas que o trabalho pode somente ser pago no valor atual de todo o produto previsível.

Mas, na ótica dos PTistas, sempre se colocam contra o que chamam de "a exploração", os menos favorecidos, etc., nitidamente fomentam a luta de classes, mas na realidade o que de fato colocam em curso é a cobiça, são desejosos em meter a mão na proporiedade alheia, ou em limitar a liberdade de empreender. Desconsideram que vivemos hoje a era da informação e do conhecimento, mas na contramão colocaram na presidência uma pessoa que é mal informada, pouco faz neste sentido e que não adquiriu conhecimento, muito embora tenha sido um destacado negociador.

Seguramente os mais inteligentes, nesta regra do "Pão e Circo¹", sabem que a questão da diferença entre esquerda e direita, o debate que promovem é o circo. Devem se divertir com isso. Nos extremos asseguram o pão, seja para os banqueiros, o lucro, e para os mais pobres, as bolsas.

Seguramente nem mesmo livros infantis os leu, antes tivesse lido dois deles, "A cigarra e a formiga", assim deixaria de dar lona preta e bolsa à cigarra. Ou um livro infanto-juvenil, "O Reizinho Populista". Bem, lembrando o livro, Lula criou 30 Ministérios, foram raros os momentos em que conseguiu reuní-los e tentar alguma forma de gestão.

"As massas não buscam a reflexão crítica: simplesmente, seguem suas próprias emoções. Acreditam na teoria da exploração porque ela lhes agrada, não importando que seja falsa. Acreditariam nela mesmo que sua fundamentação fosse ainda pior do que é". (Eugen von Böhm-Bawerk 1851-1914)

O circo está aí, o vivemos no Brasil, desprezamos a liberdade e a democracia, estas são substituídas pela libertinagem e pela oclocracia. O filósofo Bertrand Russell definiu a obra-prima de Sir Karl Popper, A Sociedade Aberta e Seus Inimigos, como "um trabalho cuja importância é de primeira linha e que deve ser largamente lido por sua crítica de mestre aos inimigos da democracia, antigos e modernos". O livro faz um ataque contundente a Platão, assim como uma análise mortal de Hegel e Marx.

Creio que um dos grandes valores do livro é levar o debate político para a divisão entre coletivistas e individualistas, ao invés de esquerda e direita. Popper combate duramente os autoritários coletivistas, independente do espectro político. Seu foco é a transição da sociedade tribal, ou sociedade fechada, para uma sociedade aberta. Na primeira, há uma submissão às forças mágicas, enquanto a última "põe em liberdade as faculdades críticas do homem".

"Prefiro a fantasia individual [de um liberal] ante a ilusão coletiva [de um socialista], pois esta irá se impor [tudo é uma questão de forças e de saber desprezar a democracia e privilegiar a oclocracia]e limitar, não apenas a possibilidade de eu concretizar minhas fantasias através de minha criatividade e dos meus dons, estudos, esforços e talentos, como também irá retirar de mim a liberdade, a vida e o patrimônio." (Gerhard Erich Böhme)

Sobre este circo e pão cabe-nos tão somente a reflexão, sabermos de fato o que leva ao desenvolvimento de uma nação, mas para isso seria necessário que os PTistas, e não apenas eles, mas os brasileiros, retirando deles obviamente o grupo do qual faço parte, os 4%, ou melhor, agora 3%. A eles cabe a reflexão sobre a frase abaixo e saber fazer uso e interpretar os indicadores da liberdade.

"Não se conhece nação que tenha prosperado na ausência de regras claras de garantias ao direito de propriedade, do estado de direito e da economia de mercado." (Prof. Ubiratan Iorio de Souza)

1. "Index of Economic Freedom World Rankings" da The Heritage Foundation:
http://www.heritage.org/index/ranking.aspx

2. "Economic Freedom of the World: 2010 Annual Report" do The Cato Institute:
http://www.cato.org/pubs/efw/

3. "Economic Freedom of the World: 2010 Annual Report" do Fraser Institute
http://www.freetheworld.com/release.html

E o Chile e a Costa Rica estão aí para nos mostrar esta relação. E a Venezuela e Cuba para mostrar que, na contramão da liberdade, o caminho é rápido para inibir o desenvolvimento.

“Um Estado, o chamado 1º Setor, deve apenas atuar subsidiariamente¹ frente ao cidadão e não estar voltado para ocupar o papel que cabe ao 2º Setor - pois assim se cria o estado empresário e com ele fomenta-se o clientelismo, a corrupção e o nepotismo - ou 3º Setor - pois assim se promove o Estado populista que cria ou alimenta os movimentos (anti-)sociais, o paternalismo e o assistencialismo, bem como que abre espaço para a demagogia político e perda da liberdade e responsabilidade do cidadão. Caso contrário ele acaba criando o 4º Setor - quando o poder coercitivo (tributação, defesa nacional, justiça e segurança pública) do Estado deixa de ser exercido por ele e é tomado por parte de segmentos desorganizados ou não da sociedade - cria-se então o Estado contemplativo, que prega a mentira, pratica a demagogia e o clientelismo² e cria o caos social através da violência e desrespeito às leis”. (Gerhard Erich Boehme)

Entenda melhor: http://www.youtube.com/watch?v=GwGpTy-qpAw

Abraços,

Gerhard Erich Boehme
gerhard@boehme.com.br

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