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domingo, 3 de outubro de 2010

Lágrima, suor e bebida.

Por Nilson Borges Filho (*)

Pessoas próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão visivelmente preocupadas com o seu comportamento, seja em público, quando ataca os adversários, seja no privado, quando suas reações oscilam do choro nada contido para o destempero verbal. No palanque, Lula já pediu que um determinado partido político, que lhe faz oposição, fosse exterminado. Em outra oportunidade, perdendo por completo a compostura, se dirigiu ao ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como “esse sujeito”.

O desequilíbrio do presidente é sintomático e mais apropriado para quem não está de bem com a vida. Na prática, isso seria justificável se Lula estivesse mal avaliado pelos eleitores ou estivesse em dificuldades para fazer o sucessor. Algumas teses sobre as atitudes presidenciais já começaram a circular, que vão desde a sua obsessão em ganhar as eleições até ao fato de acreditar que a imprensa conspira
contra o seu governo.

Nos últimos dias, em cima de palanques por esse Brasil afora, constatou-se um Lula totalmente transtornado, transpirando ódio, emporcalhando biografias, defendendo larápios contumazes do dinheiro público, desqualificando – sem qualquer motivo – adversários políticos e destilando toda a sua falta de apreço pela democracia.

Alguns políticos já levantaram a hipótese de o presidente estar indo com muita sede ao pote – ou seria ao copo? – pois nada, aparentemente, motiva certas manifestações fora do contexto da civilidade e dos bons costumes. Não é segredo para ninguém que Lula, desde os tempos de sindicalista, tem uma certa predileção por bebidas alcoólicas. Isso fica mais patente, quando se encontra sob pressão, seja por situações de ordem política, seja pelas de cunho pessoal.

Nos oito anos de governo, o presidente passou por diversas crises políticas e embaraços familiares. Mas de tudo o que se tem dito sobre os destemperos presidenciais, o mais provável é o de que, às portas de deixar o cargo, Lula caiu em si e sabe que, a partir de janeiro, voltará para o exílio em São Bernardo do Campo. O vazio de poder que Lula enfrenta, antecipadamente, está se refletindo nas suas atitudes em público.

Desprovido de senso crítico, amargurado com a perda do cargo e com a auto-estima lá embaixo, a raiva presidencial se concentra nos adversários. O presidente reconhece que precisa manter essa raiva, para que possa conviver com a própria solidão. Logo, Lula perderá as facilidades da mordomia do palácio residencial, observerá em terra firme o Aerolula circulando pelas alturas e perceberá o afastamento dos bajuladores. Encontrará portas fechadas. Alguns desafetos vão lhe negar o cumprimento. Antigos companheiros deixarão de procurá-lo. Os serviçais, sempre atenciosos, estarão desviando suas atenções para o novo presidente.

Nada será como antes. Para os ouvidos presidenciais, essa ideia de voltar a ser mais um, faz coro com o silêncio do esquecimento público, com o ruído da crítica dos ressentidos e com o fantasma do futuro incerto. Lula será um melancólico a procura de um tempo perdido.

Proust explica.

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Além do caso do genro de Ayres Britto e de algumas decisões esquisitas, está causando um enorme constrangimento à Corte, a desenvoltura do advogado Márcio Tomaz Bastos, ex-ministro da Justiça de Lula, entre alguns ministros do STF. O clima no Supremo é explosivo.

(*) Nilson Borges Filho é mestre e doutor em Direito, professor e articulista colaborador deste blog.

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Enviado por Cida Fraga

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