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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Comissão da Verdade

Comissão da Verdade - DEM cumpre a função que lhe atribui a democracia e é patrulhado por isso

O Brasil é mesmo um país sui generis. Com a ministra Gleisi Hoffmann, nada menos do que a chefe da Casa Civil, aprendemos que existem “a lei” e “a lei alternativa”. Trata-se de uma verdadeira revolução nas democracias ocidentais. Notem bem: não é que houvesse um vazio jurídico numa determinada área ou que uma realidade nova tenha surgido, sem uma lei que a ampare. Não! O texto legal está aí, em pleno funcionamento, sem revogação, mas se aprova um outro, “alternativo”, que nega aquele. Pois bem! O Democratas, um partido legalmente constituído, de oposição, que funciona segundo as regras previstas pela democracia, decidiu que é seu papel — E É MESMO!!! — discutir com o governo a definição dos sete nomes que vão integrar a tal “Comissão da Verdade”.

Não me peçam para ver com bons olhos iniciativas que atribuem ao governo, ao Estado, a definição do que vem a ser verdade porque, como diria Castro Alves, o ser “libérrimo” que há em mim fica invocado. Verdade oficial havia nos estados fascistas. Verdade oficial há nos estados ainda comunistas. A tal Comissão da Verdade vai passar o Brasil “a limpo” de 1946 a 1988. O ano de 46 entra aí só como um truque. O que se quer recontar é a história de 64 até a redemocratização.

Até pode render alguma discussão se heróis foram transformados em bandidos, mas é indiscutível que alguns bandidos foram transformados em heróis. “Por que não dá um exemplo, Reinaldo Azevedo?” Opa! É comigo mesmo! Carlos Lamarca, por exemplo. Um sujeito que esmaga o crânio de um inocente, depois de julgá-lo num tribunal informal, é bandido. Merece a lata do lixo da verdade. Mas é um herói da nova “verdade oficial”. Querem outro Carlos? O Marighella. O cara redigiu um minimanual da guerrilha que justificava o terrorismo e pregava o assassinato de soldados, estivessem eles envolvidos na “guerra revolucionária” ou não. Até os hospitais eram tidos como alvos. Por que eu tenho de respeitar esses lixos morais? Eu respeito a vida, não emissários da morte.

Se ninguém mais quer saber quem vai compor a tal da comissão, danem-se! O DEM cumpre o seu papel. “Ah, é o partido herdeiro da ditadura…” E os indenizados são herdeiros de quem? Daqueles que assassinaram 119 pessoas a sangue frio, a maioria sem qualquer vínculo com a “luta revolucionária”? Qual é??? O DEM atua segundo o mandato que lhe confere o regime democrático. É herdeiro da democracia, a exemplo de qualquer partido que atua dentro da lei.

Fazem bem o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), e os líderes do partido no Senado, Demóstenes Torres (GO), e na Câmara, ACM Neto, em se preocupar com o assunto. Comissão da Verdade, a depender da composição, vira Comissão de Revanche, ainda que se situe na esfera do puro proselitismo.

“Vamos falar sobre os perfis dos indicados. Não queremos vaga [na comissão]; essa não é a questão. Queremos algo equilibrado, sem extremos. Nossa preocupação é com os perfis”, afirma Agripino. É isso aí, senador! Cumpra a sua função e não se deixe intimidar pela patrulha!

Por Reinaldo Azevedo

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