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sábado, 3 de dezembro de 2011

PIROTECNIA POPULISTA SULAMERICANA

PIROTECNIA POPULISTA SULAMERICANA

REUNIÃO BILATERAL – EXERCÍCIO DE POLULISMO NA AGENDA SOCIALISTA DE BRASIL E ARGENTINA, SOB A DESCULPA DA CRISE FINANCEIRA GLOBAL

:: FRANCISCO VIANNA

Sábado, 03 de dezembro de 2011

Cristina Kirchner e Dilma Rousseff trocam figurinhas em Caracas. Foto: AFP

Ontem, em Caracas, Cristina Kirchner e Dilma Rousseff se reuniram por hora e meia e ‘concordaram’ em “dissipar as tensões do passado e se dedicarem à montagem de uma estratégia comercial comum que privilegie uma política de proteção à região e resguarde as economias, brasileira e argentina, dos eventuais efeitos da crise financeira mundial”.

Chamaram esse “acordo” de “Mecanismo de Integração Produtiva” (MIP). Bonito, não? Os esquerdistas são bons em criar essas ilusões sociais, movidos pela crença ideológica de que podem e devem dirigir e controlar a economia… Mesmo que a história mostre que, SEMPRE, suas intenções dão com os burros n’água.

Em seu tête-a-tête, esse par de respeitosas senhoras, no Hotel EUROBUILDING, onde Dilma Rousseff está hospedada, tentam dar a impressão que Brasil e Argentina tentarão estabelecer um tipo de “blindagem comercial” eventualmente concebida pelos planejadores do Foro de São Paulo (que são os que em última análise governam o Brasil) para frear a ‘invasão de produtos’ dos que chamam de "terceiros mercados", um eufemismo usado para não terem que mencionar de forma direta a China, a Europa e os Estados Unidos. E, é claro, como não poderia deixar de ser, Cristina e Dilma, trataram também de melhorar o próprio relacionamento comercial entre seus países, como se tivessem a necessária competência para tal, falando muito em MERCOSUL e UNASUL, sem levar em conta que, hoje, a maior parte das importações feitas pelos dois países provém de outras zonas, mercados, e ‘blocos’, e que o mesmo ocorre com as suas exportações. Ou seja, ambos os países se preparam, em tese, para aumentar seus mecanismos protecionistas, afastando-se cada vez mais da idéia de um comércio livre e com pouca interferência estatal. Não importa o quanto a história demonstre quão funesto e improdutivo tais medidas se constituem, o que importa é seguir a doutrina socialista e tentar penosamente progredir por um caminho onde jamais nação alguma progrediu.

E tentam exibir o otimismo de sempre, que geralmente arrefece algumas horas depois de tais encontros ‘pirotécnicos’ que não se coadunam com a realidade dos negócios bilaterais.

A pesar dos diálogos terem sido eivados de jargões socialistas, tais como ‘integração regional’ (se o leitor pensou ‘entregação’, também vale), ‘inclusão social’, etc., a realidade se sobrepõe a toda essa pirotecnia populista e acaba forçando os planejadores que colocam as palavras nas bocas dessas ilustres senhoras a reconhecer que avançar no sentido que muitos internacionalistas querem para a UNASUL e MERCOSUL é extremamente penoso e contraproducente.

Dilma disse à imprensa que o Brasil "necessita fortalecer a ‘integração’ com a Argentina e com seus vizinhos sulamericanos para evitar que a crise financeira mundial nos afete de modo marcante e que isso só será possível fortalecendo também a UNASUL”, mesmo que o funcionamento da União Européia esteja nos sinalizando exatamente o oposto.

Antonio Patriota disse que "há um compromisso a ser mantido para se conseguir um processo de integração completo". O que isso quer dizer, na realidade, só deve ser bem compreendido pela mentalidade internacionalista dos mentores do Foro de São Paulo.

Fontes de ambas as delegações em Caracas disseram que o objetivo agora seria o de derrubar os entraves que, segundo elas, têm aumentado a tensão nas relações bilaterais brasileiro-portenhas, que são a “licenças não automáticas” de importação e exportação nos dois sentidos. A finalidade, dizem, é a de evitar que os empresários do setor criem dificuldades comerciais com suas reclamações de favorecimento e suas tentativas de boicotes. Ou seja, cada vez mais essas senhoras, sob a orientação do Foro de São Paulo, querem tirar do empresário o arbítrio de fazer ou não negócios entre si, sem a mediação oportunista e cara dos seus respectivos governos.

Falaram em negociar um esquema de bloqueio à importação de produtos chineses a ser porto em prática imediatamente, numa iniciativa de Dilma, que esclareceu: "a ideia não é a de enfrentar a China, mas sim a de impedir que haja o ‘dumping’ (preço inferior ao custo de produção local) de uma invasão de produtos chineses" produzidos por mão de obra semi-escrava, coisa que todo mundo está careca de saber, mas que, na prática, as ‘sobretaxas reguladoras’ não emplacam.

Também discutiram a entrada de alguns produtos argentinos que atualmente estão impedidos de entrar no Brasil, como o azeite de oliva, alguns cortes de carne e calçado, graças aos fortes mecanismos protecionistas de parte a parte.

Na reunião estavam presentes: o chanceler argentino Héctor Timerman (o da crise do avião militar americano no aeroporto de Ezeiza), a ministra Giorgi; o delegado da embaixada no Brasil, Luis María Kreckler, e os governadores José Luis Gioja (da província de San Juan) e José Alperovich (de Tucumán), além dos brasileiros, o chanceler Patriota, o ministro da Indústria, Fernando Pimentel; o ‘assessor especial internacional’ Marco Aurélio Garcia, do Foro de São Paulo, e o ministro de Ciência, Aloízio Mercadante.

Tais reuniões são apenas distrações destinadas a iludir os incautos, pois os mercados de ambos os países estão fortemente impregnados do capitalismo estatal e, quando isso ocorre, a coisa definitivamente não gera bons resultados.


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