A UPEC se propõe a ser uma voz firme e forte em defesa da ética na política e na vida nacional e em defesa da cidadania. Pretendemos levar a consciência de cidadania além dos limites do virtual, através de ações decisivas e responsáveis.


quinta-feira, 1 de março de 2012

Tenente Sergio Monteiro*

ENTRE A VIDA E O DEVER*

Tenente Sergio Monteiro*

O cidadão, ao abraçar determinadas carreiras profissionais, sabe que o destino um dia poderá conduzí-lo a essa opção suprema. Para o militar, a decisão é tomada quando ele se compromete a defender a Pátria, ainda que com o sacrifício da própria vida. Defender a Pátria passa a ser o seu Dever maior, eis que expresso sob a forma de um sagrado juramento. No militar, a apurada noção de Dever é que potencializa a busca inquebrantável pelo cumprimento da missão.

Foi dessa forma que a Nação, as Forças Armadas e a Marinha do Brasil perderam dois de seus melhores militares na tragédia do incêndio da Estação Comandante Ferraz. Aqueles homens, como de resto todos os seus companheiros, não titubearam em enfrentar o fogo que ameaçava destruir uma pequena fração da pátria encravada na longínqua e inóspita região Antártica.

Certamente, por um breve momento, tiveram que optar entre a Vida e o Dever. A imediata decisão de entrar nas instalações em chamas, na desesperada tentativa de fechar a válvula que conectava ao tanque de etanol, demonstra a grandeza do seu compromisso com a missão. O doloroso sacrifício, os transformou em HERÓIS, orgulho para toda uma Nação. Cabe-nos homenageá-los e não deixar que sejam esquecidos, como tantos outros compatriotas que, ao longo de nossa história cumpriram o seu dever oferecendo ao Brasil o seu bem maior. Que o Senhor dos Exércitos os tenha recebido na sua Eterna Glória

O momento talvez seja oportuno para uma reflexão sobre os heróis nacionais. Claro, não dos participantes do “Big Brother”, alcunhados de heróis por um apresentador irresponsável. A história brasileira, para nosso orgulho, é plena de vultos que realmente enobrecem e dignificam o país. O Alferes Joaquim José da Silva Xavier - Tiradentes, protomártir da Independência, certamente será lembrado de imediato. Ao seu lado, muitos outros que em geral permanecem esquecidos e cujos feitos heróicos de há muito deixaram de ser comemorados. As datas, sequer são lembradas pelas autoridades governamentais, constitucionalmente responsáveis pela educação e cultura em nosso país. A honrosa exceção nesse lamentável contexto são as Forças Armadas, que a duras penas procura preservar esse imenso patrimônio da nossa história.

As razões dessa impatriótica omissão são bem conhecidas. O país está submetido a um perverso revisionismo histórico, onde os tradicionais vultos nacionais estão sendo abandonados, denegridos ou substituídos por figuras no mínimo inexpressivas, às vezes de duvidosa reputação, ou até mesmo desprovidas de dignidade e moralidade. Exemplos não nos faltam:“historiadores” medíocres afirmam que Tiradentes não teria sido enforcado, ou seja, um anônimo fora sacrificado em seu lugar, enquanto o Alferes seguira para a Inglaterra! Outros “autores” apontam Caxias como sanguinário e até mesmo racista!

Além dessas heresias históricas, comprometidas com um processo ideológico direcionado para a desintegração da cultura nacional, estamos sendo “invadidos” por vultos estrangeiros idolatrados pelo segmento dominante. Ernesto “Che” Guevara, argentino sanguinário travestido de cubano, é mais cultuado em nossas escolas, principalmente de ensino médio, do que qualquer outro brasileiro. Sua imagem grotesca é constantemente encontrada em murais, painéis, grêmios estudantis, pátios, cantinas, etc. Da mesma forma, o ditador Fidel Castro. Do mesmo modo, bandeiras estrangeiras e símbolos importados de regimes totalitários.

Muitos outros exemplos da ação revolucionária em curso no Brasil podem ainda ser lembrados. No dia a dia do brasileiro são de fácil constatação, entre outros: os pronunciamentos ideologizados de muitos dos nossos políticos e governantes; as ações de parcela expressiva da mídia, principalmente televisiva e radiofônica, na defesa de um socialismo totalitário e retrógado; o endeusamento de desertores como Lamarca, traidores como Prestes e tantos outros sobejamente conhecidos; o comprometimento do meio Acadêmico, onde um fortíssimo patrulhamento ideológico impede o sadio desenvolvimento de uma mentalidade de busca às verdades históricas; as lideranças estudantis e sindicais, cooptadas por ações oportunistas e corruptas; o envolvimento do meio empresarial, parcialmente contaminado pela ânsia de favorecimentos quase sempre ilícitos, na busca do ganho fácil e do sucesso rápido, a qualquer preço.

Os vultos heróicos da nossa história são os alicerces da nacionalidade. Precisam ser preservados pela sociedade brasileira, que deve ser alertada sobre os riscos da omissão diante do cenário atual. O regime democrático, a duras penas conquistado, exige de todos nós uma ação de blindagem para que não seja violentado, sub-repticiamente, em suas características institucionais, políticas e sociais.

Armas em funeral, estamos de luto pela perda de tão queridos companheiros. A nobreza de seu sacrifício, impregnada de um profundo sentimento de HONRA e DEVER militar, é um farol a iluminar os nossos caminhos na busca de um Brasil livre, desenvolvido, democrático, soberano e socialmente justo.

À Marinha do Brasil e aos familiares dos heróicos militares, nossas sentidas condolências.
Aos heróicos Tenentes Carlos Alberto Vieira Figueiredo e Roberto Lopes dos Santos, a nossa emocionada e respeitosa continência.

Honraram admiravelmente a proclamação do nobre Almirante Barroso na Batalha de Riachuelo: “PREPARAR PARA O COMBATE, O BRASIL ESPERA QUE CADA UM CUMPRA O SEU DEVER!”

DEVER CUMPRIDO, MISSÃO CUMPRIDA, BRAVOS MARINHEIROS DO BRASIL!

*o autor é professor, historiador e Oficial da Reserva Não Remunerada do Exército Brasileiro. É presidente do Conselho Nacional de Oficiais R/2 do Brasil e membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e do Instituto Campo-Grandense de Cultura. É autor do livro “O Resgate do Tenente Apollo” (Ed. CNOR, 2006

Nenhum comentário: