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sábado, 21 de abril de 2012

TIRADENTES


"Dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria"

Nada comparado com a derrama dos dias atuais, no final do século XVIII, o Brasil ainda era colônia de Portugal e sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas taxas e impostos. No ano de 1785, por exemplo, Portugal decretou uma lei que proibia o funcionamento de industrias fabris em território brasileiro. Neste período, era grande a extração de ouro, principalmente na região de Minas Gerais. Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o QUINTO (exemplo de imposto cobrado na época), ou seja, vinte por cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses.

Todas estas atitudes foram provocando uma insatisfação muito grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do país. Alguns membros da elite brasileira (intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pelas idéias de liberdade que vinham do iluminismo europeu, começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o problema: a conquista da Independência do Brasil.

O grupo, liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes era formado pelos poetas Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mineira. A ideia do grupo era conquistar a liberdade definitiva e implantar o sistema de governo republicano no Brasil. Sobre a questão da escravidão, o grupo não possuía uma posição definida. Estes inconfidentes chegaram a definir até mesmo uma nova bandeira para o Brasil. Ela seria composta por um triangulo vermelho num fundo branco, com a inscrição em latim: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que Tardia). frase sugerida por Alvarenga Peixoto, inspirada no poeta romano Virgílio.

O termo inconfidência significa infidelidade, deslealdade, que era considerada pela lei portuguesa como crime de lesa-majestade, ou seja, traição ao rei.

Entre os Inconfidentes estavam Joaquim Silvério dos Reis, português nascido em Leiria em 1756, descendia de uma família de militares e padres. Vindo para o Brasil no ano de 1776, em pouco tempo conquistou muito dinheiro, possuía muitas fazendas de criação de gado e plantação, extraia minério de suas fazendas e possuía cerca de 200 escravos.

Silvério foi quem, denunciou os integrantes do movimento em troca de pagamento de suas dívidas. Em 15 de março Silvério revelou ao governador Visconde de Barbacena todos os detalhes e preparativos da revolta que era liderada por Tiradentes e o objetivo primordial era a libertação do Brasil de Portugal.

Deram as prisões dos Inconfidentes, em seguida deu-se à abertura da devassa, uma espécie de inquérito no qual se interrogavam os suspeitos e ouviam-se as testemunhas de um crime.

PALAVRAS DE TIRADENTES
(Azuir, Carlos, Ronaldo e Suzana da Unicamp, turma do Social )

Palavras de Tiradentes, no momento da consumação.
Apaixonantes e candentes, que nos levam a reflexão.
Tão ousadas e destemidas , glória da nossa cidadania.
“Se eu tivesse dez vidas, todas dez vidas eu daria”.

Palavras de Tiradentes, para a nossa gente refletir.
Maravilhosas e eloqüentes nos incitando a insurgir.
Com sua imagem sofrida, com elevação e harmonia
“Se eu tivesse dez vidas, todas dez vidas eu daria”.

Palavras de Tiradentes, tão cheias de dignidade.
Firmes e convincentes, esbanjando amorosidade.
A nossa aspiração consolida, com fascinação e magia.
“Se eu tivesse dez vidas, todas dez vidas eu daria”.

Palavras de Tiradentes, transbordando de amor.
Humildes e inteligentes, do crucificado trabalhador.
Com sua aura luzida, como o ideal da Eucaristia.
“Se eu tivesse dez vidas, todas dez vidas eu daria”.

Palavras de Tiradentes, com paz e com magnitude.
Corajosas e valentes, como modelo pra juventude.
Contra a corja fratricida, combatividade e simpatia.
“Se eu tivesse dez vidas, todas dez vidas eu daria”.

Palavras de Tiradentes, com heroísmo e decisão.
Condenado sendo inocente, como nossa população.
Por uma justiça revivida, e direito com sabedoria.
“Se eu tivesse dez vidas, todas dez vidas eu daria”.

Palavras de Tiradentes, com fé e desprendimento.
Gracioso e potente, transcendendo espaço e tempo.
Nas suas lutas renhidas, de classe , gênero e etnia.
“Se eu tivesse dez vidas, todas dez vidas eu daria”.

Palavras de Tiradentes, com toda sua santidade.
Glorioso e abrangente, vislumbrando a liberdade.
Das nossas lutas queridas, Igualdade e soberania.
“Se eu tivesse dez vidas, todas dez vidas eu daria”.
Em 18 de abril de 1792 foi dada à leitura da sentença que condenou Tiradentes à forca, a ter seu corpo esquartejado e a cabeça cortada e exibida no centro de Vila Rica. E também Freire de Andrade, Álvares Maciel, Alvarenga Peixoto, Oliveira Lopes e Luís Vaz deviam ser enforcados, decapitados e esquartejados. Porém a Rainha de Portugal fez uma carta de clemência onde todas as sentenças, menos a de Tiradentes foram perdoadas.

A sentença condenou Tiradentes à forca, a ter a cabeça cortada e exibida sobre uma alta estaca, no centro de Vila Rica e, mais, a ter o corpo esquartejado e suas partes expostas nas vias de acesso à capitania e naqueles lugares por ele mais frequentados.

No dia 21 de abril de 1792: Tiradentes É enforcado em praça pública e depois seu corpo foi esquartejado.
A Inconfidência não pretendia apenas libertar Minas e o Brasil do jugo da Metrópole.

Queria sim, formar aqui uma grande nação republicana, com suas indústrias e possuindo um corpo de leis moderníssimas, de acordo com os postulados revolucionários que agitavam a França e por influência inglesa e francesa tinham já sido vitoriosos nos Estados Unidos.

Em tempo,

Tancredo Neves já estava bem morto e entre os rearranjos "morreram" Tancredo em um simulacro no dia 21 de abril, para criar na imagem do mártir Tiradentes, o substituto dos sonhos de independência e liberdade, após duas décadas de regime militar.

Uma burlesca tentativa de elevar Tancredo às honras da "santidade" prestada a Tiradentes. Apropriando-se da historiografia de Tiradentes, os políticos e a mídia restabelecem a imagem do mártir Tiradentes, do "santo" homem que morre por uma causa nacional, pela liberdade de seu povo.

Os inúmeros boletins médicos incitavam a imaginação coletiva. Os boatos acerca de um possível golpe, um atentado. As controvérsias acerca da doença e sobre o estado de saúde do novo presidente. A longa espera por uma recuperação. Tudo isso criava expectativas. Todos esperavam por um milagre, pelo retorno do “salvador da pátria”.

O processo de criação do mito assemelha-se ao processo de fabulação. O trabalho de fabulação realiza-se a partir de um tipo de narrativa cuja estrutura se identifica com o modelo de vida do santo. A exemplo de Tiradentes, para qual se construiu uma fábula onde a penitência solitária, a prisão e o martírio foram condições sine qua non para a constituição do modelo do mártir e do santo homem, a fábula Tancredo é construída, sobretudo, através da idéia do homem escolhido, destinado a conduzir o Brasil para uma nova era democrática.

Em vida, Tancredo assomava como um salvador político. Com a morte, ele assumia proporções de um santo. Todas as esperanças acumuladas e centralizadas, no homem que não viveu para materializá-la, manifestam-se impetuosamente.

Trancredo, digo, Tancredo, a atual modalidade e mobilidade do PMDB, lembra em muito do que realmente foi Tancredo Neves nos bastidores da política nacional. Dizem que Tancredo e Ulisses Guimarães eram contra a volta de lideres como Miguel Arraes e Leonel Brizola pela anistia, pois temiam que tais líderes prejudicariam seus ideais de poder.
_Plínio Sgarbi

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